quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

e eu na estação

Às vezes a gente não diz "adeus". Eu nunca fui boa de me despedir, porque eu sempre tive muito medo de estar me despedindo pela última vez. Eu compreendi que as pessoas vão e não voltam ainda quando era muito nova. Entendo que isso pode acontecer de um jeito radical, quando as pessoas simplesmente morrem, ou mais sutil, quando elas não voltam porque mudam, expandem e se tornam algo diferente daquilo que amávamos.
Então eu não disse "adeus", sai de lá sentindo muitas saudades e muito medo também. Mas eu me agarrei com todas as forças do mundo às palavras "eu prometo que eu vou voltar". Isso também eu aprendi nova que pode não ser verdade... Porque a verdade nunca é absoluta, sempre pode deixar de ser verdade em algum momento. Mas ser "verdade" serve pra dar estabilidade à vida. Faz muito tempo que eu entendi a ilusão contida em qualquer verdade, e isso tirou toda a minha capacidade de dar estabilidade a qualquer pessoa ao meu lado.
Como eu não disse adeus, eu simplesmente fiquei ali, parada naquele terminal, olhando pra porta, esperando voltar o que eu sabia que não podia voltar: o tempo.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

mais um ano se passou... etc

O tempo passa numa velocidade que me assusta sempre. Passou mais um ano e eu nem sei dizer se foi tudo assim tão rápido mesmo ou se a compactação das lembranças é que é muito eficiente. (falando com compactação pensando em codificação, como qualquer boa engenheira eletricista haha).
Eu consigo lembrar de ter sentido as mais diversas coisas nesse último ano... sentimentos muito opostos e em intensidades bem diferentes. Entendi um pouco da dinâmica espaço-tempo: um processo aleatório com média nula e que tem um comportamento impossível de modelar. Essa coisa maluca de estar em determinados lugares/situações em tempos específicos...
Descobri que o que me falta pra ser feliz é paciência. Porque as coisas sempre acabam acontecendo, mas não acontecem exatamente quando quero e isso é que confunde todas as minhas vontades. É isso sobre a dinâmica espaço/tempo. Quando eu soube ser paciente, atingi um nível de felicidade que nunca tinha experimentado antes: a felicidade plena.
Muitas vezes eu não soube o que fazer... Mas eu segui meu coração, porque é impossível entender as coisas às vezes.. É impossível mesmo conseguir pensar numa lógica pros sentimentos e pras ironias da vida. Então, agir de acordo com o que meu coração manda faz com que eu não me arrependa. Não me arrependo das coisas que fiz, porque foram sempre tão sinceras e sincronizadas com meus sentimentos, que eu não poderia ter feito diferente sem ser hipócrita...

Em um ano eu conheci mais de mim que nos últimos 24... Conheci coisas boas, que eu não tinha noção que estavam dentro de mim. Quando essas pequenas coisas foram crescendo e ganhando espaço, eu comecei a reconhecê-las nas pessoas, e então vivi uma experiência muito intensa com essa coisa de trocas... Eu nunca tinha me permitido ser exatamente como sou pras pessoas... E nesse último ano a pessoa que eu sou de verdade encantou outras várias espalhadas pelo mundo. Algumas delas me viram por apenas alguns dias, alguns pouquíssimos momentos. Elas permanecem em mim, de um jeito muito forte, nas lembranças desses momentos e na certeza de que eles foram compartilhados, multiplicados... Na certeza de que esses momentos se propagam no que somos, servindo como base nova pra outras construções.

Nesse último ano eu fui absurdamente mais romântica que o normal: sempre fiz questão de falar sobre o meu amor, expressar minha felicidade e minha gratidão diária pelas pessoas com quem convivi.

Eu sofri a perda de um grande amor, vi desaparecerem minhas certezas sobre meu final feliz. Lutei contra a perda, tentei recuperar, entendi que não era possível, briguei muito, sofri mais um pouco, fiquei desiludida, aprendi que deveria deixar partir. Deixei partir, a dor passou.
Eu me apaixonei de novo, senti muito medo de viver a paixão e deixei ela desaparecer sem que fosse notada.
Então, de repente, quando eu fechei os olhos e abri de novo, eu deixei o amor tomar conta de mim mais uma vez.. E eu vivi outro amor, intenso, doce, que me fez acreditar de novo nas certezas todas. E como a vida é irônica demais, no fim do meu ano (assim como foi no anterior), eu sofri por amor outra vez. Dessa vez eu não lutei contra, deixei partir de bom grado, porque desejei felicidade mútua. Mas chorei como uma criança com fome.
Então, aprendi mais milhares de coisas, inclusive que a paciência novamente me salvou. Eu sofri a perda de amores, que vieram e foram, deixando saudades e lembranças cinematográficas... Pelo último eu cultivo um especial desejo de reencontro, uma paciência especial toda feita de carinho e bem querer.

O tempo passou rápido demais, eu vivi mais um ano inteiro, por inteiro, o ano mais intenso da minha vida... Ele chega ao fim com MUITAS saudades, e se sinto saudades é porque fui feliz demais.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

eu te amo, desamor.

Eu penso em você. Em tudo de você. Mas eu penso especialmente no amor.
Eu penso em você e penso no quanto eu tenho amor por você. Eu sinto saudades. Sinto isso quase sempre.
Eu penso em você e desejo que meu pensamento te alcance em qualquer lugar, que te arrebate de qualquer tristeza, que te faça pensar em mim de uma forma serena, que te traga uma sincera boa lembrança de mim… E que te faça sorrir enquanto eu choro todas as saudades.
Eu penso que é bom te amar, obrigada por me ensinar.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Eu acredito na completude das coisas. Afinal, toda as variações da ciência evoluiram da filosofia, elas todas juntas concretizam todas as formulações para a percepção humana do funcionamento das coisas.
Então, como uma pessoa formada em engenharia e portanto fadada à necessidade de teorias, teoremas e corolários, preciso das analogias entre o concreto e o abstrato, entre a energia do mundo e a energia humana.
Enfim, acredito na completude: toas as coisas possuem uma formatação completa (algo como uma versão única, inteira). A energia estática mantém as coisas completas, até que perturbações externas desconectam as partes. Isso parte do princípio fundamental de que toda e qualquer energia existe desde sempre, não podendo ser criada uma nova energia, nem destruída uma existente.

E aí que eu me pergunto: se eu me sinto tão incompleta agora, por onde larguei os outros pedaços? De onde vem energia e para onde vai a energia espiritual? Essa coisa nas sensações, dos sentimentos, dos impulsos... De onde? Para onde??????????

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

L.imitações

Quer dizer, não existe um jeito de apagar as ideias, né? Então, o que a gente pensa, tá pensado. E dai que me vem essa memória constante desse passado, que não passa. Que desgaste. Afe.
Eu já cheguei à conclusão de que me atormenta porque eu deixo, porque alimento, porque permito. Depois eu cheguei à conclusão de que permito porque me atormenta. E dai? Qual é o jeito certo de lidar com isso? Ah, pra isso eu não tenho conclusão nenhuma.
Só sei que é essa coisa da memória que me limita em tudo, porque imita. Não é irônico?
Não consigo sentir sem conceituar, nem conceituar sem sentir.
Ai sigo assim, às vezes começo a sentir, o conceito empaca e se contraria, o sentimento muda porque é contrariado, e então adiante.
Mas não adianta.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

e x p i r a ç ã o

Não dá pra condensar em uma matéria só referências a tudo aquilo que é tão aparentemente desconexo, mas que se interliga, sim, pra dar origem ao que chamam de nuvem. A minha, nesse momento, parece estar abarrotada e me faz ver um novo sentido pra o trecho de música que diz "oh, chuva, vem me dizer se posso ir lá em cima pra derramar você".
A minha nuvem feita de detritos deixados pelos suportes ambulantes, abarrotados de pensamentos, que trafegam a uma velocidade exorbitante nesse espaço sobrenatural que chamo de EU. Segmentam-se todos esses pequenos fragmentos de devaneios, originando uma imensa barreira à compreensão.

Respiro fundo, forte, esperando que o ar seja dentro de mim como o vento, espalhando partículas e dispersando vapor.

domingo, 29 de setembro de 2013

vem como um carnaval

Isso das pessoas se esbarrarem só pode ser a má vontade fantasiada de destino.
Veio como um solavanco e me disse tudo só com a existência.
Algumas pessoas nascem e esse é o meu problema com elas.
Fico presa nesses surtos de compreensão, que me fazem compreender sempre algo novo, diferente e divergente da compreensão anterior.
Talvez por essas coisas todas eu tenha sempre me esquivado das decisões.
O que ela quer comigo? Por que veio até aqui?
E então me dou conta de que ela nem veio até aqui, porque já nem era aqui que eu mesma estava. Estava lá, passeando no mundo alheio, cheia de dúvidas palavrinhas condicionais.
Será que?
Depois que passa essa exaltação ao conhecimento, depois que se mata a sede, é possível ainda preferir reservas água ao invés de um copo de cerveja bem gelada? ... Penso que talvez mude algo saber que vou desejar toda a reserva dde água quando a ressaca chegar.
Mas continuo olhando pro copo, que parece me ofuscar.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sem

Sinto muito, mas estou de passagem. Aqui não posso mais ficar, sigo em frente, sua vida é pequena e eu preciso de mais espaço. Vou me espalhar, sinto muito. Muitos mundos, pessoas. Ainda restam bandeiras a fincar. Sinto muito. Muito e não sei explicar.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Duas pessoas

De repente eu vi a possibilidade de que o amor não seja um sentimento só... Mais ou menos como um daqueles compostos químicos que só existe combinado com outros e, quando você separa, se transforma em outra coisa. Ou como o funcionamento de um órgão, que depende do funcionamento dos outros.
Não é um sentimento só, é um aglomerado de pequenas sensações inexplicáveis, coisas sem nome, que se juntam a outros sentimentos bons e ruins e tornam a coisa toda muito única. É única e independente também, tem sua existência desvinculada do ser por quem se sente amor.
Amor também é mutável, rapidamente se torna outra coisa quando, por qualquer motivo, torna-se um sentimento inútil, não passível de doação. Como quando guardamos em uma caixa fechada algo que só fica bonito sob a luz do sol. Nesse caso, amor vira também uma dor terrível, indicando que só se pode respirar quando o amor é doado para o mundo e que preso ele é auto-destrutivo e também destrutivo.

Amar é aquilo que consegue ser a coisa mais maravilhosa e ao mesmo tempo a mais difícil. Depois que existe amor, é impossível que ele não exista mais e um ser se torna completamente dependente das atitudes de outro. Não existe perigo maior no mundo. Se alguém descobrisse uma arma feita de amor, isso seria pior do que uma arma nuclear. Ainda assim, com todos os seus truques, o amor encanta e aprisiona em uma teia de liberdade feita de ilusões. Então, não existe sequer uma escolha senão amar...

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Teu

Fui
a mando, amando.
amando a mando.
a mando amando.
amando, a mando

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

nova-mente

Segue assim: pra cada ciclo fechado, um período de adaptação nostálgica.
Não são símbolos que podem tornar concretos todo esse fluxo de corrente cerebral. Um fluxo que segue pelo emaranhado de caminhos dentro de mim, formando pensamentos, proliferando sentimentos, sensações. Tenho agora certeza de que muitos elétrons erram o caminho quando implusos de tensão surgem involuntariamente em alguns pontos. Outros deles são quânticos e vão para dois lugares ao mesmo tempo... É isso. Só pode ser isso. É isso que causa essa enorme confusão entre o querer, o dever, o querer querer, o desprezar, o conseguir.

E é sempre assim, ajusto os caminhos, controlo os impulsos e a vida flui leve e determinística, simples e alegre. Até que o ciclo se fecha novamente e novos emaranhados confundem passado, memória, saudosismo, presente...

Trabalho árduo.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Aposentamento

Hoje eu me permiti pensar com palavras, sem verdadeiramente precisar dizê-las. Tenho vivido ocupada, mas não com afazeres, trabalho, compromissos, check lists. Não que eu não tenha o que fazer, não que não tenha trabalho, não que não tenha listas enormes a seguir. Mas venho vivendo ocupada demais com as minhas criações fantásticas, que me permitem encontrar o sossego distanciado de algumas verdades.
Então, hoje eu me permiti pensar com palavras, confrontar-me com certas verdades.
Ficou claro que tenho mentido com mantras inacabáveis. Eu me enganei na inocência do suspiro ofegante. Quando, já sem forças pra entender tantos erros passados, preciso ainda lidar com a recorrência de falhas, atitudes egoístas, decisões medíocres.
A verdade simples e deslavada é que meus sentimentos contradizem minhas vontades. Eu não me deparo com sentimentos mais nobres... São sentimentos atordoados, falhos... Por que negar a mim mesma sinceridade?
Não existe um só caminho que pareça fácil entre as opções impostas pela ausência de um amor. Nessas idas e vindas eu me dei conta de que é isso movendo o mundo: histórias de amor... Amores não vividos, amores mal resolvidos, amores inacabados, e os piores: amores acabados. Cada um com sua "pior dor".
E eu aqui me escondendo dessa verdade... A de que é isso que vivo diariamente, essa dor de amor, dor de amar, de não ter.
Em determinado ponto todos os sentimentos se misturam muito... E você já nem sabe o que é amor, o que é saudade, o que é saudosismo, o que é orgulho, o que é frustração, o que é decepção, o que é ciúme, o que é desejo, o que é mimo, o que é vontade, o que é presente, o que é ilusão...
Hoje eu voltei aqui em busca de alguma verdade. Vou acabar sem cerimônias, sem conclusões, porque não finda esse vazio que me espeta como as esporas a um cavalo. Não finda o vazio e como o cavalo eu obedeço seu comando, inquieta, galopando sem saber aonde ele me guia... na esperança de que ele guie.