terça-feira, 27 de novembro de 2012

vento, ventania...

Quanto me preenche essa saudade? Essa saudade de saber, de certeza... Dos dias em que fui plural e que passavam leves todos os segundos. Não me arrastava o tempo, nem eu a ele. Não carregava o tempo como fardo, a cada instante superando-se essa saudade.

E descobri assim que o amor e a saudade movem a tudo. Hoje acordei com a paz trazida pelo vento que um dia te tocou também... É tudo isso que quero. Tudo é o que quero? É isso mesmo?

É... quero não querer, mas ainda assim quero. E agora quero com calma, sem desespero. Respirando e adorando o vento. E sendo consumida por uma felicidade que transborda. E a saudade permanece, sóbria... Com aquela sobriedade que sempre nos foi tão óbvia.

É assim mesmo... Preenche essa saudade, sem vazios. Saudade doce, de ter amado e possuído. Saudade porque amo e não possuo, mas admiro. Doce. Sereno. Sóbrio. Bonito...

sábado, 17 de novembro de 2012

Eu não quero querer.

Não mais.

Agora querer outras coisas com mais vontade.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

e não quero?!

Eu quero ser tua voz, teu sorriso, todos os teus gestos. Eu quero ser o gosto de tudo que tua boca prova. Eu quero ser o filtro de todo ar que te envolve. Eu quero ser a fonte de todos os olhares que absorvem toda a luz que te toca. Eu quero ser todo som que só existe em teus sonhos. Eu quero ser o lenço do suor que te escorre. Eu quero ser o amparo do que não te cabe. Eu quero ser todos os braços que te envolvem. Eu quero ser tudo que posso. Eu quero ser aquela que conta o tempo. Eu quero ser o beijo que te acorda. Eu quero ser o toque que te conforta.
Eu quero ser as paredes, o piso, o teto, as portas, as janelas, o fogão, a geladeira, as panelas, os pratos, o chuveiro, a água, a cama, os lençóis, o guarda-roupas, as roupas, os perfumes, as escovas, as meias, os sapatos, o leite, o copo, os anéis, o colar, os brincos, as pulseiras, o relógio, a liga de cabelo, o sofá, as cadeiras, a mesa, os livros, os textos, os filmes, as músicas, a televisão, os quadros, as cortinas certas, as cortinas erradas, o tapete, as escadas, o escorredor de pratos, os talheres, os ímãs de geladeira, as receitas, as refeições, os passos...
Eu quero ser tua vontade.
Eu quero ser tua à vontade.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

bom dia

Hoje: difícil.

Respirar fundo e expulsar a angústia. Acordei, e essa angústia de onde vem? São minhas vontades contrariadas.
Eu quero ser mais que isso ainda. Já sei, essa angústia vem do pesar pelo que não fiz.
Esse sim é sentimento estúpido. De que vale esse pesar? Só me prende à angústia que não me deixa fazer as outras coisas que quero. E no próximo minuto já estarei a lamentar pelo que não fiz nesse.

Poucos dias e muita compreensão. É assim que defino meu momento. As coisas mudam, mudam tanto. Tantas coisas mudando e eu já sou um ser melhor, eu sei.
Então, o que quero para hoje é realizar.

Tenho em mim tudo o que preciso. A compreensão da minha completude é a prova de como as coisas mudam. Só eu posso me levar adiante, trazer-me paz.
Que mágico é fazer bem a si mesmo.

Só eu posso ser sincera comigo e dizer para mim que estou feliz. Mas dizer também que só ela pode preencher minha vontade.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

...

Não existe uma fórmula mais eficaz pro aprendizado do que o sofrimento. Aqueles bons clichês: "é errando que se aprende", "não se faz paz sem guerra", "depois da queda se levanta mais forte".
Quando se perde aquilo que é fonte inesgotável de felicidade, é impossível não se colocar na frente de batalha. Isso de não saber onde eu posso me segurar, de ver meu melhor apoio acabar, fez com que eu finalmente de dispusesse a enfrentar todas as outras causas de insegurança, solidão, medo... etc, etc, etc...
Agora eu nem consigo sintetizar tudo que mudou.
"Coloca pra fora, fala. Fala sobre o assunto mil vezes, até você conseguir entender tudo sem restar nenhuma sombra".
Lá vai, só pra mim: quantas vezes eu não me peguei aqui nesse mesmo lugar sem entender o que era essa solidão? E agora é tão óbvio que me sinto estúpida. Era ausência de mim. Solidão que só eu soube curar. Agora que me tenho sei sentir saudades de outras coisas.
Por que foi tão difícil aceitar que eu estava errada, que continuava errando? Eu estava errada. Era eu tentando não ver que eu estava diferente sim... diferente de mim, porque deixei de tentar enfrentar meus conflitos. Fiz pouco deles, fingi que não via, fingi que não importava.
Agora eu em paz comigo.
Eu em paz comigo sinto saudades de outras coisas. Uma saudade que me consome tanto... Tanto. Mas é a mim que consome. Hoje sei quais dessas partes todas juntas me compõem, sei onde e quando... e como... e porque.

E, sendo somente eu, agora me sinto pronta pro mundo. Pronta pras decisões, pras derrotas, perdas, e pro que ganho também. Sou apaixonada por mim também... e pela vida.
Sou apaixonada por ela também, enchendo os olhos de brilho por sentir ainda essa paixão. Enchendo o coração de medo por sentir que a cada segundo essa paixão fica por um fio.
Tenho ressentimentos.
Sinto pesar por isso também... por saber que esse amor tão lindo vai passar. Não quero que passe, quero viver isso ainda. Mas vai passar, então sinto pesar. Mas quem sente sou eu, somente eu, sendo eu.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

...

Quero sempre a verdade... É essa busca que me massacra, que quebra aos poucos meu coração; essa verdade que eu não quero, mas quero. E se eu tivesse o poder de mudar a realidade, ainda assim não faria. Se eu tivesse o poder de mudar essa realidade, a da nossa história, eu o daria a você como presente.

E então não é assim mesmo que é? É essa a realidade criada por ela... É a verdade. Essa verdade que eu busco e encontro... E me despedaço. A verdade que eu encaro, mas não quero ver. Cheia de falsas vontades, contrariada, olho a verdade por espontânea vontade. E ofuscada passo mal, quero desmaiar, fechar os olhos, ser ignorante.

Quantas mentiras, para que? Quantas mentiras... Para que?

E dentro de mim, onde encontrar qualquer pedaço que acredite em sinceridade? Nada de errado... Nada a mais, nada a menos. Só faltou a verdade. E eu quero sempre a verdade.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O que sai de mim...

O que sai de mim é o que não me cabe.
Escapa de mim pelos olhos, pelas mãos, pelos pés, pela boca.
E nada no universo absorve meus excessos, eles fluem em vão, são esquecidos pelos cantos.

Que frio é esse, que me consome de dentro pra fora?



E então a vida se desenrola praticamente como se imagina... Só que não.
Vejam que coisa tão comum, eu fui arrebatada pela impossibilidade. E quando não depende de mim, espero que dependa de quem saiba o que fazer.
Eu sou impotente, sou a partícula indiferente no universo, sou essa construção de massa densa e incapaz.

Penso, penso, penso... Cada vez mais freneticamente, sendo tomada por um estado quase permanente de epifania. No desenrolar desse pensamento tudo se torna tão claro.
É tão claro, tão óbvio, imponente, incontestável. Ainda assim apenas eu pareço enxergar.

Cada coisa no seu tempo. O primeiro passo é reconhecer o problema, depois refletir e descobrir de onde veio, depois saber para onde vai. Óbvio. Lógico. Difícil, porém simples.

E então, como limitar os sentimentos?

terça-feira, 11 de setembro de 2012

.


abrir os olhos... ainda dentro dessa claustrofobia interior. Dentro de mim meus sentimentos não dormem, são vorazes, são como uma multidão que se aglomera e não cabe em si.
E o paradoxo: o mundo é tão imenso. Nessa imensidão eu me sinto jogada, como uma pluma ao vento.
Foi hoje que faltou peça na engrenagem, consegui congelar uma labareda.
Ficou bela, intacta, como um cristal de mil cores, fácil de quebrar. É sem vida essa beleza.



Você cabe aqui, na minha mão.




Que vazio é esse, cheio de formas e que preenche?

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Espera. Só mais um pouco.

Eu preciso sentir mais um pouco, porque sei que não vou conseguir lembrar. Só preciso dela mais um pouco, assim vou poder chegar ao fim aliviada.
Dos dias de alegria o que contar? Só senti e não senti vontade de dizer.
Mas a solidão preciso contar. E conto os instantes que são continuação do instante anterior e que são continuados no outro instante que se segue. Só eu não percebo a separação dos instantes, enquanto o tempo transcorre e eu sou apenas um desejo de sentir aquilo só mais um pouco.
Quando a alegria me parece um vício, tenho sintomas de abstinência e preciso dela mais um pouco.
Vai se curar a solidão quando esse instante sem separação acabar.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

deixa pra lá

"Eu nem sempre penso com palavras."
É só isso que instantaneamente surge quando me perguntam
"Tais pensando em quê?".

No que sou, no que não sou. De todas essas pequenas partículas que me compõem, quais fazem parte de mim? Quais pedaços eu sinto, não sei. Não sei nem sobre o que sei, nem o quanto sei. Se é que sei.

E toda essa falta não me deixa pensar. E ainda que eu pense, trata-se de um fluxo jamais sequencial. Não me acostumo comigo.

Hoje não me alcanço.

Por que eu não gostaria de ser o que sou, se isso eu sou a única pessoa a quem posso controlar? ... ou seria esse um pensamento literal?

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Perdi...


O trem passou e eu não vi.