segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O que sai de mim...

O que sai de mim é o que não me cabe.
Escapa de mim pelos olhos, pelas mãos, pelos pés, pela boca.
E nada no universo absorve meus excessos, eles fluem em vão, são esquecidos pelos cantos.

Que frio é esse, que me consome de dentro pra fora?



E então a vida se desenrola praticamente como se imagina... Só que não.
Vejam que coisa tão comum, eu fui arrebatada pela impossibilidade. E quando não depende de mim, espero que dependa de quem saiba o que fazer.
Eu sou impotente, sou a partícula indiferente no universo, sou essa construção de massa densa e incapaz.

Penso, penso, penso... Cada vez mais freneticamente, sendo tomada por um estado quase permanente de epifania. No desenrolar desse pensamento tudo se torna tão claro.
É tão claro, tão óbvio, imponente, incontestável. Ainda assim apenas eu pareço enxergar.

Cada coisa no seu tempo. O primeiro passo é reconhecer o problema, depois refletir e descobrir de onde veio, depois saber para onde vai. Óbvio. Lógico. Difícil, porém simples.

E então, como limitar os sentimentos?

terça-feira, 11 de setembro de 2012

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abrir os olhos... ainda dentro dessa claustrofobia interior. Dentro de mim meus sentimentos não dormem, são vorazes, são como uma multidão que se aglomera e não cabe em si.
E o paradoxo: o mundo é tão imenso. Nessa imensidão eu me sinto jogada, como uma pluma ao vento.
Foi hoje que faltou peça na engrenagem, consegui congelar uma labareda.
Ficou bela, intacta, como um cristal de mil cores, fácil de quebrar. É sem vida essa beleza.



Você cabe aqui, na minha mão.




Que vazio é esse, cheio de formas e que preenche?

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Espera. Só mais um pouco.

Eu preciso sentir mais um pouco, porque sei que não vou conseguir lembrar. Só preciso dela mais um pouco, assim vou poder chegar ao fim aliviada.
Dos dias de alegria o que contar? Só senti e não senti vontade de dizer.
Mas a solidão preciso contar. E conto os instantes que são continuação do instante anterior e que são continuados no outro instante que se segue. Só eu não percebo a separação dos instantes, enquanto o tempo transcorre e eu sou apenas um desejo de sentir aquilo só mais um pouco.
Quando a alegria me parece um vício, tenho sintomas de abstinência e preciso dela mais um pouco.
Vai se curar a solidão quando esse instante sem separação acabar.